O caso Victor Ahlf e o uso institucional da falsa acusação como arma política

Ele era um dos melhores alunos da USP. Denunciou uma calúnia. E foi expulso por contrariar a pauta certa.

Victor Henrique Ahlf Gomes, ex-aluno da Faculdade de Direito da USP, teve a expulsão anulada pela Justiça após acusação sem comprovação.

Victor Henrique Ahlf Gomes não era apenas mais um aluno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Era um dos melhores. Conservador, católico e politicamente ativo, Victor mantinha uma trajetória acadêmica impecável: sua média geral foi 9,1 e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) recebeu nota máxima da banca avaliadora. Mesmo assim — ou talvez justamente por isso — acabou sendo alvo da militância ideológica que domina a instituição.

O que deveria ser uma denúncia simples — e legítima — virou o início de uma perseguição institucional

Em 2022, após o fim de um relacionamento com uma colega da faculdade, Victor passou a ser alvo de relatos e comentários difamatórios. A ex-namorada começou a espalhar entre colegas e professores que havia sofrido abuso psicológico, manipulação e violência simbólica. Nenhum boletim de ocorrência foi registrado. Nenhuma queixa formal foi feita às autoridades. A acusação existia apenas nas conversas de corredor — e foi ganhando corpo como narrativa.

Preocupado com a própria reputação, Victor fez o que a universidade recomenda: procurou a Ouvidoria e apresentou uma denúncia por calúnia contra a ex. Esperava que a instituição acolhesse o relato, investigasse os dois lados e tomasse providências.

No entanto, segundo matéria da Gazeta do Povo, após alegações apresentadas pela defesa da ex-namorada, a direção da faculdade inverteu a denúncia e decidiu abrir um processo administrativo contra Victor. A ex, que era alvo da denúncia original, passou a ser tratada como vítima, e ele como réu.

Segundo o próprio Victor relatou em entrevista à Revista Oeste, ao ser informado sobre a abertura do PAD, ouviu da administração da faculdade que era “um absurdo ele querer denunciar uma mulher por falsa acusação de violência sexual” dentro da USP. E completaram: essa atitude era “contrária à pauta feminista que a universidade defendia”. Ou seja, sua denúncia foi considerada inaceitável — não por falta de fundamento, mas por contrariar a ideologia institucional.

E a fala faz sentido dentro do contexto institucional.

A repressão à denúncia de Victor não foi casual. A própria estrutura da Faculdade de Direito da USP está hoje sob influência direta de professores que ocupam cargos de liderança acadêmica e, ao mesmo tempo, coordenam áreas voltadas a políticas identitárias — como gênero, raça e diversidade sexual. São os mesmos que defendem publicamente que o Direito precisa ser reestruturado a partir de uma “base feminista” e que o sujeito do ordenamento jurídico “não pode mais ser o homem branco heterossexual”.

Dentro desse ambiente ideologicamente capturado, a denúncia de Victor soou como afronta. Ele não apenas expôs uma possível falsa acusação — desafiou, com provas, o discurso dominante. E por isso, virou réu.

Foi nesse contexto que surgiram as acusações formais de “violência de gênero” e “importunação sexual”. A base do processo? Mensagens de WhatsApp trocadas durante o relacionamento, entregues pela ex-companheira. Conversas privadas, lidas com filtro militante, foram tratadas como provas cabais pela universidade — mesmo sem qualquer apuração judicial que confirmasse abuso, ameaça ou violência.

O caso chegou a ser encaminhado duas vezes ao Ministério Público, mas foi arquivado por falta de provas. Nenhum inquérito foi aberto, nenhum processo criminal foi instaurado.

Segundo matéria da Gazeta do Povo, a própria ex-namorada chegou a confessar no processo interno da USP que havia mentido — e que o fez por vingança, após o fim do relacionamento. Ainda assim, a Faculdade de Direito da USP ignorou a confissão e decidiu expulsar Victor Ahlf da universidade, negando-lhe o direito de colar grau, concluir o curso e receber seu diploma. A punição foi aplicada de forma sumária, sem que houvesse qualquer condenação penal ou comprovação de crime. Era a palavra dela, institucionalizada pela militância interna.

Quando a própria administração percebeu que não conseguiria sustentar o PAD apenas com as alegações da ex — que já haviam ruído por falta de provas e contradições evidentes — decidiu ampliar o enredo. Vasculharam mensagens antigas, buscaram depoimentos periféricos e passaram a forçar interpretações absurdas. De repente, surgiram acusações de racismo, “comentários nazistas”, e tudo que pudesse justificar o que já haviam decidido: a expulsão. O processo virou uma colcha de retalhos ideológicos — quanto mais rótulos colassem em Victor, melhor. Afinal, quando não há crime, inventa-se um contexto.

E assim, Victor passou a ter que se defender de acusações que ele sequer compreendia. Um processo sem réu definido, mas com culpado escolhido desde o início.

Curiosamente, embora o processo fosse sigiloso, a imprensa teve acesso. O Estadão, em fevereiro de 2025, publicou uma matéria longa, repleta de detalhes que só poderiam ter vindo de dentro da própria administração da USP. Como, exatamente, um jornal tem acesso a um procedimento disciplinar protegido por segredo? E por que teria interesse em noticiar justamente esse caso, entre tantos outros?

A resposta está nas entrelinhas.

A expulsão de Victor foi vendida à imprensa como um “marco histórico”: o primeiro aluno expulso da Faculdade de Direito da USP. Não importava se havia provas, sentença judicial ou contraditório respeitado. O que interessava era o símbolo. Um homem branco, católico e conservador punido sob a bandeira da “violência de gênero”. Era tudo o que a militância interna precisava para afirmar sua autoridade — e tudo o que a universidade queria mostrar ao público externo.

A matéria não traz questionamentos. Não traz ponderações. Não menciona que o Ministério Público arquivou o caso por falta de provas. Ignora que não houve processo criminal, tampouco laudo técnico. Aponta apenas o que interessa à narrativa. O jornalismo virou vitrine institucional. E o sigilo, que deveria proteger os envolvidos, serviu apenas para calar a defesa — enquanto a acusação vazava seletivamente o que precisava para sustentar o espetáculo.

Em março de 2025, a Justiça de São Paulo reconheceu a irregularidade do processo e determinou a anulação da expulsão. Em sua decisão, a juíza Gilsa Elena Rios apontou a desproporcionalidade da pena e a ausência de fundamentos legais que justificassem a eliminação do aluno. A USP foi obrigada a reintegrar Victor, permitir sua colação de grau e emitir o diploma, conforme o direito que ele havia conquistado ao concluir o curso.

Apesar da decisão judicial, a universidade optou por recorrer. Até o momento, o recurso ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça e, dentro da própria USP, o processo administrativo segue paralisado. Resultado: mesmo com a sentença a seu favor, Victor segue impedido de se formar. A vitória no papel ainda não se traduziu em reparação prática.

Além disso, mesmo entre os próprios professores da USP, houve quem reconhecesse o absurdo da decisão. José Maurício Conti, professor de Direito Financeiro e ex-juiz, que participou do julgamento, escreveu publicamente:

“Sou professor da faculdade, participei do julgamento e conheço os fatos, que não podem ser divulgados em razão do sigilo. Posso assegurar que o julgamento foi absoluta, total e completamente injusto.”

Se até quem teve acesso direto aos autos afirma isso — sem nenhum receio —, o que mais precisa ser dito? Conti não é qualquer professor. É ex-juiz, com décadas de experiência no sistema judiciário. Se até ele afirma, com todas as letras, que o julgamento foi “absoluta, total e completamente injusto”, ignorar isso é escolha — não ignorância.

O caso de Victor Ahlf é mais do que um episódio isolado — é o sintoma de um sistema que inverte a lógica da justiça para proteger narrativas, não pessoas.

Hoje, Victor segue sem diploma. A faculdade continua recorrendo. E a ex-namorada, cuja versão nunca passou pelo crivo da Justiça, não enfrenta nenhuma consequência. A inversão é total: quem denunciou foi punido, e quem espalhou calúnias foi legitimado pela estrutura universitária.

Mesmo que consiga o diploma, quem vai apagar os danos? Quem repara a mancha no nome, o atraso na vida profissional, a tortura psicológica de ser tratado como criminoso sem julgamento?

Este não é apenas um caso de abuso institucional. É um alerta. Porque enquanto a palavra dela continuar bastando, e a dele continuar sendo silenciada, nenhuma universidade será um ambiente seguro para a verdade.

5 respostas

  1. A ex namorada aprendeu com a tal Maria da Penha, uma histérica que não aceita o fim de um relacionamento e se vinga de forma a prejudicar toda a vida do rapaz

  2. O que esperar de um país dirigido por ex-presidiário com provas apagadas pelo próprio STF e onde se nega à defesa acesso ao processo dos presos políticos do 8 de Janeiro ? Onde que existe justiça nesse país ?

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