- Mais uma lei que diz: seu filho não importa - junho 16, 2025
- A qualidade da sua maternidade começa na escolha do pai - junho 15, 2025
- Filhos da Tábua: quando o baile vira berço e a miséria vira herança - junho 14, 2025
O caso Victor Ahlf e o uso institucional da falsa acusação como arma política
Ele era um dos melhores alunos da USP. Denunciou uma calúnia. E foi expulso por contrariar a pauta certa.
Victor Henrique Ahlf Gomes não era apenas mais um aluno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Era um dos melhores. Conservador, católico e politicamente ativo, Victor mantinha uma trajetória acadêmica impecável: sua média geral foi 9,1 e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) recebeu nota máxima da banca avaliadora. Mesmo assim — ou talvez justamente por isso — acabou sendo alvo da militância ideológica que domina a instituição.
O que deveria ser uma denúncia simples — e legítima — virou o início de uma perseguição institucional
Em 2022, após o fim de um relacionamento com uma colega da faculdade, Victor passou a ser alvo de relatos e comentários difamatórios. A ex-namorada começou a espalhar entre colegas e professores que havia sofrido abuso psicológico, manipulação e violência simbólica. Nenhum boletim de ocorrência foi registrado. Nenhuma queixa formal foi feita às autoridades. A acusação existia apenas nas conversas de corredor — e foi ganhando corpo como narrativa.
Preocupado com a própria reputação, Victor fez o que a universidade recomenda: procurou a Ouvidoria e apresentou uma denúncia por calúnia contra a ex. Esperava que a instituição acolhesse o relato, investigasse os dois lados e tomasse providências.
No entanto, segundo matéria da Gazeta do Povo, após alegações apresentadas pela defesa da ex-namorada, a direção da faculdade inverteu a denúncia e decidiu abrir um processo administrativo contra Victor. A ex, que era alvo da denúncia original, passou a ser tratada como vítima, e ele como réu.
Segundo o próprio Victor relatou em entrevista à Revista Oeste, ao ser informado sobre a abertura do PAD, ouviu da administração da faculdade que era “um absurdo ele querer denunciar uma mulher por falsa acusação de violência sexual” dentro da USP. E completaram: essa atitude era “contrária à pauta feminista que a universidade defendia”. Ou seja, sua denúncia foi considerada inaceitável — não por falta de fundamento, mas por contrariar a ideologia institucional.
E a fala faz sentido dentro do contexto institucional.
A repressão à denúncia de Victor não foi casual. A própria estrutura da Faculdade de Direito da USP está hoje sob influência direta de professores que ocupam cargos de liderança acadêmica e, ao mesmo tempo, coordenam áreas voltadas a políticas identitárias — como gênero, raça e diversidade sexual. São os mesmos que defendem publicamente que o Direito precisa ser reestruturado a partir de uma “base feminista” e que o sujeito do ordenamento jurídico “não pode mais ser o homem branco heterossexual”.
Dentro desse ambiente ideologicamente capturado, a denúncia de Victor soou como afronta. Ele não apenas expôs uma possível falsa acusação — desafiou, com provas, o discurso dominante. E por isso, virou réu.
Foi nesse contexto que surgiram as acusações formais de “violência de gênero” e “importunação sexual”. A base do processo? Mensagens de WhatsApp trocadas durante o relacionamento, entregues pela ex-companheira. Conversas privadas, lidas com filtro militante, foram tratadas como provas cabais pela universidade — mesmo sem qualquer apuração judicial que confirmasse abuso, ameaça ou violência.
O caso chegou a ser encaminhado duas vezes ao Ministério Público, mas foi arquivado por falta de provas. Nenhum inquérito foi aberto, nenhum processo criminal foi instaurado.
Segundo matéria da Gazeta do Povo, a própria ex-namorada chegou a confessar no processo interno da USP que havia mentido — e que o fez por vingança, após o fim do relacionamento. Ainda assim, a Faculdade de Direito da USP ignorou a confissão e decidiu expulsar Victor Ahlf da universidade, negando-lhe o direito de colar grau, concluir o curso e receber seu diploma. A punição foi aplicada de forma sumária, sem que houvesse qualquer condenação penal ou comprovação de crime. Era a palavra dela, institucionalizada pela militância interna.
Quando a própria administração percebeu que não conseguiria sustentar o PAD apenas com as alegações da ex — que já haviam ruído por falta de provas e contradições evidentes — decidiu ampliar o enredo. Vasculharam mensagens antigas, buscaram depoimentos periféricos e passaram a forçar interpretações absurdas. De repente, surgiram acusações de racismo, “comentários nazistas”, e tudo que pudesse justificar o que já haviam decidido: a expulsão. O processo virou uma colcha de retalhos ideológicos — quanto mais rótulos colassem em Victor, melhor. Afinal, quando não há crime, inventa-se um contexto.
E assim, Victor passou a ter que se defender de acusações que ele sequer compreendia. Um processo sem réu definido, mas com culpado escolhido desde o início.
Curiosamente, embora o processo fosse sigiloso, a imprensa teve acesso. O Estadão, em fevereiro de 2025, publicou uma matéria longa, repleta de detalhes que só poderiam ter vindo de dentro da própria administração da USP. Como, exatamente, um jornal tem acesso a um procedimento disciplinar protegido por segredo? E por que teria interesse em noticiar justamente esse caso, entre tantos outros?
A resposta está nas entrelinhas.
A expulsão de Victor foi vendida à imprensa como um “marco histórico”: o primeiro aluno expulso da Faculdade de Direito da USP. Não importava se havia provas, sentença judicial ou contraditório respeitado. O que interessava era o símbolo. Um homem branco, católico e conservador punido sob a bandeira da “violência de gênero”. Era tudo o que a militância interna precisava para afirmar sua autoridade — e tudo o que a universidade queria mostrar ao público externo.
A matéria não traz questionamentos. Não traz ponderações. Não menciona que o Ministério Público arquivou o caso por falta de provas. Ignora que não houve processo criminal, tampouco laudo técnico. Aponta apenas o que interessa à narrativa. O jornalismo virou vitrine institucional. E o sigilo, que deveria proteger os envolvidos, serviu apenas para calar a defesa — enquanto a acusação vazava seletivamente o que precisava para sustentar o espetáculo.
Em março de 2025, a Justiça de São Paulo reconheceu a irregularidade do processo e determinou a anulação da expulsão. Em sua decisão, a juíza Gilsa Elena Rios apontou a desproporcionalidade da pena e a ausência de fundamentos legais que justificassem a eliminação do aluno. A USP foi obrigada a reintegrar Victor, permitir sua colação de grau e emitir o diploma, conforme o direito que ele havia conquistado ao concluir o curso.
Apesar da decisão judicial, a universidade optou por recorrer. Até o momento, o recurso ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça e, dentro da própria USP, o processo administrativo segue paralisado. Resultado: mesmo com a sentença a seu favor, Victor segue impedido de se formar. A vitória no papel ainda não se traduziu em reparação prática.
Além disso, mesmo entre os próprios professores da USP, houve quem reconhecesse o absurdo da decisão. José Maurício Conti, professor de Direito Financeiro e ex-juiz, que participou do julgamento, escreveu publicamente:
“Sou professor da faculdade, participei do julgamento e conheço os fatos, que não podem ser divulgados em razão do sigilo. Posso assegurar que o julgamento foi absoluta, total e completamente injusto.”
Se até quem teve acesso direto aos autos afirma isso — sem nenhum receio —, o que mais precisa ser dito? Conti não é qualquer professor. É ex-juiz, com décadas de experiência no sistema judiciário. Se até ele afirma, com todas as letras, que o julgamento foi “absoluta, total e completamente injusto”, ignorar isso é escolha — não ignorância.
O caso de Victor Ahlf é mais do que um episódio isolado — é o sintoma de um sistema que inverte a lógica da justiça para proteger narrativas, não pessoas.
Hoje, Victor segue sem diploma. A faculdade continua recorrendo. E a ex-namorada, cuja versão nunca passou pelo crivo da Justiça, não enfrenta nenhuma consequência. A inversão é total: quem denunciou foi punido, e quem espalhou calúnias foi legitimado pela estrutura universitária.
Mesmo que consiga o diploma, quem vai apagar os danos? Quem repara a mancha no nome, o atraso na vida profissional, a tortura psicológica de ser tratado como criminoso sem julgamento?
Este não é apenas um caso de abuso institucional. É um alerta. Porque enquanto a palavra dela continuar bastando, e a dele continuar sendo silenciada, nenhuma universidade será um ambiente seguro para a verdade.
Excelente conteúdo!
Obrigada Eduardo, cheguei nesse caso graças a você e o seu trabalho!
A ex namorada aprendeu com a tal Maria da Penha, uma histérica que não aceita o fim de um relacionamento e se vinga de forma a prejudicar toda a vida do rapaz
O que esperar de um país dirigido por ex-presidiário com provas apagadas pelo próprio STF e onde se nega à defesa acesso ao processo dos presos políticos do 8 de Janeiro ? Onde que existe justiça nesse país ?
Otimo conteúdo. Esta ficando insustentável a hipocrisia e a manipulaçao dessa pauta imposta arbitrariamente. A lei precisa e deve ser igual para todos.