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Quando o discurso feminista é usado para justificar o assassinato — desde que a autora seja mulher
Nos anos 1980, um homem que matava a esposa em nome de uma traição podia alegar, em juízo, que o fez para defender sua honra. E, por mais absurdo que pareça, essa tese era aceita — muitas vezes com a complacência de juízes e júris populares.
Décadas depois, o Brasil decidiu enterrar essa aberração. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal proibiu o uso da tese da “legítima defesa da honra” em tribunais. Foi um marco. Mas não um fim.
A “defesa da honra” não desapareceu. Ela só mudou de lado. Hoje, ela volta à cena travestida pelo discurso misândrico, envolta em narrativas feministas sobre “ambientes tóxicos”, “relacionamentos abusivos” e “reação à opressão”.
Só que agora, não são homens que a utilizam para justificar a morte de uma mulher. São mulheres que a usam para justificar o assassinato de um homem.
@nikscarlet — “O negócio é, se ela matou o marido com cinco tiros, motivo ela teve.”
A nova linguagem do homicídio: quando a vítima tem que ser compreendida
Casos como o de Elize Matsunaga — que matou e esquartejou o marido — abriram um precedente simbólico. Mas a romantização da violência feminina não é um evento isolado. É uma tendência crescente, especialmente nas redes sociais e na cultura pop, onde o feminismo fabrica ícones a partir de criminosas — desde que o alvo do crime seja um homem.
E não importa o grau de frieza ou brutalidade do assassinato: basta inserir palavras-chave como “abusivo”, “psicológico”, “controle” ou “gaslighting” que o debate deixa de ser sobre o crime e passa a ser sobre o contexto emocional da autora.
A mulher não reage mais a uma agressão real. Ela reage à frustração. À rejeição. À traição. Ao fim. E ao matar, é chamada de forte, não de criminosa.
E os comentários: “Diva faz assim”, “Ela tinha uma faca, um tesão e um sonho”, “Achei o motivo válido”.
E é exatamente aí que mora o perigo: a substituição da justiça por uma vingança revestida de militância. A mulher não mata porque precisa. Ela mata porque quer que o mundo entenda a sua dor. E o mundo entende. Entende tanto que ignora o corpo estendido no chão.
A legitimação simbólica do crime – mídia, redes e tribunais
Essa nova “defesa da honra” não precisa estar escrita no Código Penal. Ela também não precisa ser articulada nos autos. Ela é ativada por um ecossistema cultural que:
- trata o comportamento masculino como opressor por padrão;
- transforma qualquer conflito conjugal em violência de gênero;
- relativiza o homicídio quando o agressor é mulher;
- e converte criminosas em ícones de resistência.
@sasaguidi — “minha professora: ‘uma mulher matou o marido e ela foi absolvida porque o advogado dela provou que ela tava de tpm’ *silêncio na sala*
minha professora novamente: ‘que notícia maravilhosa né gente’
KKKKKKK AMO ESSA MULHER”
Enquanto isso, homens continuam sendo julgados — e condenados — por muito menos.
E quando tentam se defender de falsas acusações, são chamados de misóginos.
Se sobrevivem a um ataque, são zombados.
Se morrem, são esquecidos.
E os comentários: “Diva incompreendida”, “Lenda, faria igual”, “Icônica”
Violência seletiva não é justiça, é projeto ideológico
A verdadeira igualdade se mede quando o mesmo ato gera a mesma reprovação — independentemente de quem o comete.
Mas hoje, vivemos num sistema onde a justiça é filtrada pela ideologia.
Se é mulher e matou, é porque sofreu.
Se é homem e morreu, é porque mereceu.
É assim que se reconstrói a “defesa da honra” — não nos tribunais, mas nas telas.
Com trilha sonora, discurso bonito e lacre no final.
A diferença?
Agora ela tem selo de aprovação do feminismo.
E o réu — ou melhor, a ré — sai ovacionada.
Mesmo com sangue nas mãos.