Vivemos a era do absurdo legitimado. Tudo que antes seria diagnosticado como desequilíbrio agora é chamado de “expressão emocional”. E a maternidade — outrora símbolo máximo da força feminina — virou palco de um espetáculo grotesco: mulheres fingindo que bonecas são filhos. Literalmente.
O nome é “bebê reborn”. Mas o que há por trás é um surto disfarçado de afeto. Bonecas de silicone, com olhos fechados e expressão congelada, estão sendo tratadas como se tivessem alma. Tem mulher comprando carrinho, montando quarto, trocando fralda e até tirando foto de família com o objeto nos braços. E postando, orgulhosas, nas redes sociais.
É preciso estar muito desconectada da realidade — e perigosamente conectada à fantasia — para olhar para um boneco e se declarar “mãe”. E não se trata de uma exceção, mas de um sintoma: um culto crescente à maternidade fake, que oferece os rituais da maternidade sem nenhuma das responsabilidades, sacrifícios ou vínculos reais.
Isso não é apenas bizarro. É um reflexo de um tempo em que o feminino foi sequestrado por discursos que desprezam o real. O feminismo moderno ensinou que ser mãe é opressão, que família é prisão, que filhos atrapalham o sucesso. O resultado? Mulheres solitárias, emocionalmente carentes, buscando sentido em bonecos de plástico — e sendo aplaudidas por isso.
A maternidade deixou de ser entrega para virar encenação. A mulher deixa de viver o vínculo verdadeiro e passa a cultuar um vazio vestido de “autonomia”. Não se trata de escolha consciente — trata-se de um surto social aplaudido por uma cultura que tem medo de chamar a loucura pelo nome.
Substituir um filho por um pet já era sinal de inversão. Substituir por uma boneca é sinal de colapso. Emocional, espiritual e civilizacional. Porque nenhuma boneca devolve à mulher aquilo que só uma vida real pode dar: o vínculo, o legado, a continuidade. No fim, sobra um teatro solitário e uma selfie com silicone.
Não. Isso não é saudável. Isso não é normal. E muito menos é amor. É o culto à loucura travestido de liberdade — e, pior, vendido como virtude.