A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (12), na região de Sobradinho (DF), uma mulher acusada de produzir, divulgar e vender material de abuso sexual infantil na internet. Seis crianças, entre um e nove anos, foram resgatadas. As vítimas eram do próprio círculo familiar da investigada.

Segundo a PF, os crimes vinham sendo praticados há cerca de dois anos, com a produção não apenas de imagens, mas também de transmissões ao vivo dos abusos, que eram comercializados na internet.

O caso é tão grave que a mulher poderá responder por:

As penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão.

Nem sempre o agressor tem o rosto que imaginamos.

É desconfortável dizer isso, mas é necessário: mulheres também cometem crimes sexuais. E não são casos isolados. Embora pouco discutido, há registros crescentes desse tipo de crime envolvendo mulheres, especialmente quando se trata de abuso contra crianças, muitas vezes dentro do próprio núcleo familiar — justamente onde o agressor tem mais acesso e menos desconfiança.

Esse tipo de crime costuma ser ainda mais invisível, porque socialmente há uma resistência em reconhecer que mulheres podem ser autoras de violências tão graves. Quando se fala em abuso, a imagem que vem à mente é quase sempre de um homem. Isso não é coincidência — é fruto de uma construção cultural, reforçada também pelos próprios recortes das manchetes, das campanhas e dos debates públicos.

Mas a realidade não escolhe gênero. Existe crime cometido por homens, e existe crime cometido por mulheres. E ambos precisam ser tratados com o mesmo peso, a mesma gravidade e a mesma repulsa.

O silêncio em torno dessas agressoras também protege os crimes.

Quando a sociedade se recusa a olhar para isso, não só se apaga uma parte da realidade, como também se deixa desamparadas as vítimas que sofrem esse tipo de violência. É um silêncio que não protege mulheres — só protege criminosos, sejam eles quem forem.

O material apreendido será analisado para tentar identificar outras vítimas e eventuais cúmplices. A investigação continua.

Este caso não deve ser interpretado como exceção, mas como mais um alerta de que a proteção da infância precisa estar acima de qualquer filtro ideológico, acima de qualquer resistência em enxergar que mulheres, assim como homens, também podem ser agressoras, abusadoras e predadoras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *