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Enquanto muita gente finge que pedofilia é algo distante, um caso nojento vem para nos lembrar da realidade: o suspeito pode estar no seu consultório. Pode ser o vereador da sua cidade. Pode ser alguém que jurou proteger — e usou esse poder para destruir.
Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa, 40 anos, médico da rede pública e vereador do PL em Canarana (MT), foi preso em flagrante pela Polícia Civil. Acusado de produzir, armazenar e divulgar vídeos de exploração sexual infantil. Isso mesmo. Não só consumia. Ele produzia. E com uma criança identificada.
Além disso, de acordo com autoridades, Thiago mantinha um relacionamento com uma adolescente de 15 anos — desde que ela tinha 12. Ela era submetida a práticas de escravidão sexual. Entre as suspeitas, consta que outra criança, ainda menor, foi envolvida nesse ciclo.
Thiago foi preso após a circulação de um vídeo com conteúdo grave envolvendo uma criança. A Polícia Civil localizou o material, a perícia confirmou a veracidade das imagens e, durante buscas no assentamento onde ele estava escondido — a cerca de 85 km da cidade — foram encontrados outros arquivos impróprios nos dispositivos eletrônicos, objetos de uso infantil e itens que, segundo os investigadores, reforçam o conteúdo da denúncia. Como quem tenta fugir da própria sujeira, ele já havia se isolado, mas não conseguiu escapar da investigação.
A adolescente foi localizada e resgatada durante a operação. A polícia investiga se há outras vítimas.
Mas não para por aí.
Esse mesmo homem já respondia por improbidade: como médico, faltava rotineiramente ao trabalho. Mas continuava recebendo. A Justiça já tinha determinado o bloqueio de bens.
E mesmo assim, estava solto. Trabalhando. Atendendo. Votando como vereador.
A pergunta é inevitável: quantas chances ele teve antes de ser parado?
Após a prisão, o Partido Liberal divulgou nota oficial anunciando a suspensão de sua filiação. A Câmara Municipal de Canarana também afastou o vereador das funções legislativas com base na Lei Orgânica do município.
Os crimes atribuídos a Thiago — violência contra menor e posse de conteúdo impróprio envolvendo crianças — nem no papel recebem a severidade que mereciam. O primeiro prevê de 8 a 15 anos de reclusão. O segundo? Apenas 1 a 4 anos. Isso mesmo: até quatro anos para quem armazena imagens de um dos crimes mais repulsivos que existem.
E a execução da pena? Mais branda ainda. Com boa conduta, leitura supervisionada e atividades “avaliadas positivamente”, a pena encolhe. O nome disso é progressão de regime. Na teoria, é legal. Na prática, é indecente.
A infância da vítima nunca volta. Mas o réu pode voltar — até para a política.
O resultado é este: a infância fica marcada para sempre. O autor do crime, não. Pode voltar à rotina. Pode até tentar reabilitação política. Porque no Brasil, o tempo corre — mas não corre por justiça. Corre para aliviar o peso da condenação.
Enquanto isso, a vítima nunca mais será a mesma. Mas Thiago pode voltar a sorrir numa próxima eleição. A não ser que a gente exponha tudo.