Existe uma narrativa sendo empurrada diariamente na nossa sociedade que tenta, a todo custo, fazer você acreditar que pai é figurante. Que pai existe para pagar a mensalidade, comparecer na reunião bimestral, tirar foto segurando cartolina no Dia dos Pais e, fora isso, deve ficar calado, submisso, sem qualquer voz sobre o que ensinam aos seus próprios filhos.
Quando esse roteiro é quebrado, o sistema entra em colapso.
Foi exatamente isso que aconteceu quando o humorista Márvio Lúcio, mais conhecido como Carioca, cometeu o “crime” de exercer sua função de pai. Durante uma entrevista no podcast Papagaio Falante, ele contou que, ao ver o conteúdo de um livro adotado pela escola do filho, tomou a decisão que qualquer homem digno do título de pai deveria tomar: simplesmente disse que seu filho não leria aquele material.
Sem gritaria, sem escândalo, sem textão, sem ameaça, sem tentativa de censurar o mundo.
Apenas um pai colocando limite dentro da própria casa.
O que aconteceu, de fato?
Durante a entrevista, Carioca relatou que, após analisar o conteúdo, decidiu que aquele livro não fazia parte da formação que ele, como pai, considerava adequada para seu filho.
Além disso, ensinou ao próprio filho que, se durante as aulas algum conteúdo que contraria os valores da família fosse abordado, ele estava autorizado a se levantar e sair da sala.
A diretora da escola, evidentemente acostumada com pais omissos, tentou reagir com aquele discurso padrão de escola progressista:
“Isso é muito grave para o seu filho.”
A resposta do Carioca foi absolutamente cirúrgica:
“Grave é ele não ter coragem.”
Simples. Objetivo. Coerente. E absolutamente correto.
O linchamento foi imediato.
Assim que o trecho viralizou nas redes, uma avalanche de histeria tomou conta da militância, da imprensa e do tribunal virtual que se alimenta do aplauso fácil das narrativas prontas.
As acusações vieram em bloco:
- “Isso é censura.”
- “Está criando o filho na ignorância.”
- “Isso é violência psicológica.”
- “Ele está ensinando intolerância.”
- “Isso é abuso intelectual.”
O mais curioso — e revelador — é que nenhuma dessas pessoas se preocupou em discutir seriamente o conteúdo do livro, os argumentos do pai ou a legitimidade da escolha dele.
Porque a verdade é que não importa qual é o livro. O problema não é o livro. O problema é o fato de um pai ter ousado se colocar acima da escola.
Não. Isso não é censura.
É impressionante que algo tão simples precise ser desenhado, mas aparentemente precisa.
Censura seria se o livro tivesse sido retirado do mercado.
Censura seria se o livro tivesse sido proibido pela justiça.
Censura seria se o autor tivesse sido silenciado, perseguido ou impedido de publicar.
Mas, não. O livro segue publicado. Está na livraria. Está na Amazon. Está na biblioteca da escola. Está disponível para quem quiser ler, comprar, acessar e discutir.
O que aconteceu foi apenas isso: o filho do Carioca não vai ler.
O filho dele. A responsabilidade dele. A decisão dele.
Censura? Nenhuma.
Paternidade? Toda.
A pergunta que travou a esquerda inteira.
No meio da histeria coletiva, um comentário solitário — vindo de um sujeito aparentemente de esquerda, mas lúcido — desarmou a militância inteira e deixou o campo progressista em absoluto silêncio.
“E se fosse um professor obrigando meu filho a ler Olavo de Carvalho? Aí tudo bem?”
Perfeito.
Cirúrgico.
Irrefutável.
Se amanhã uma escola decidir colocar na lista de leitura obrigatória:
- O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (Olavo de Carvalho),
- A Corrupção da Inteligência (Flávio Gordon),
- 12 regras para a vida (Jordan Peterson),
- Ortodoxia (G.K. Chesterton),
- Cristianismo puro e simples (C.S. Lewis),
E se algum pai, discordando desses livros, dissesse: “Meu filho não vai ler”, alguém o acusaria de censura? Fariam linchamento público? Iriam para as redes sociais berrar que é “violência psicológica”? Acionariam o Ministério Público?
Claro que não.
Pelo contrário.
Fariam textão defendendo o “direito da família de proteger a criança do fascismo”. Iam chamar de “paternidade responsável”.
Ou seja, a discussão nunca foi sobre censura. Nunca foi sobre pluralidade. Nunca foi sobre liberdade. Foi sempre sobre controle.
Eles não são contra censura.
Eles são contra você discordar da censura DELES. É exatamente isso. Eles não querem pluralidade. Não querem diversidade de pensamento. Não querem debate saudável.
O que eles querem — e sempre quiseram — é o monopólio da formação intelectual, cultural, afetiva e moral dos seus filhos.
Eles querem que seus filhos sejam moldados exclusivamente dentro da cartilha ideológica que eles definiram como “verdade absoluta”.
E se você ousa discordar, você se torna, automaticamente, um criminoso social.
A guerra nunca foi por livros. Sempre foi por quem educa.
O que está em jogo não é um livro específico.
O que está em jogo é quem educa.
A escola?
O Estado?
A mídia?
O coletivo militante?
Ou você, pai e mãe, que carrega a responsabilidade natural, biológica e moral de formar os seus filhos?
Se você não educa, eles educam.
Se você não impõe limites, eles impõem.
Se você não fala, eles falam.
E quando você tenta exercer seu papel, eles te acusam de opressor.
Quando um pai se impõe, o sistema surta.
Esse episódio revela, mais uma vez, uma verdade que ninguém quer admitir: pai que se impõe, hoje, é tratado como criminoso cultural.
O projeto é simples, escancarado e não faz mais questão de se esconder:
- Destruir a autoridade paterna.
- Reduzir o pai a um mero pagador de boletos.
- Desconstruir qualquer referência masculina, forte, protetora, presente e formadora.
- Transformar o pai em um boneco passivo, submisso e obediente ao Estado, à escola e à militância.
E se você ousa não aceitar esse papel, você vira o alvo.
Para quem ainda não entendeu:
Isso não é censura. Nunca foi. O livro segue publicado. Quem quiser, leia. Quem quiser, compre. Quem quiser, discuta.
O que aconteceu foi exatamente o que deve acontecer numa sociedade saudável: um pai decidiu o que seu filho vai consumir.
Chama-se: paternidade.
Chama-se: responsabilidade.
Chama-se: autoridade moral, natural e intransferível.
O filho é dele. A decisão é dele. O limite é dele.
E se você não tem coragem de fazer isso, entenda o seguinte:
Se você não diz “meu filho não vai consumir isso”, outro vai dizer “seu filho VAI consumir isso, e você não tem o direito de discordar.”
Ou você lidera, ou você obedece. Ou você educa, ou eles educam por você. Ou você assume seu papel, ou seu filho será criado pela escola, pela mídia, pela militância, pelo Estado e por qualquer um, menos por você.
E aqui vai a pergunta que fica de pé para qualquer pai e qualquer mãe que ainda tem um pingo de lucidez:
Você é pai?
Ou é apenas o pagador de boleto da militância?
Escolhe.