Esse pai não é exceção. Exceção é o mundo que insiste em ignorar homens como ele.

Era para ser mais um vídeo qualquer. Uma família simples, uma rede no quintal, um pai se levantando para ir trabalhar.

Mas o que se vê ali não é rotina. É resistência.

Antes de sair, ele se despede com carinho da esposa e do filho.

A criança responde:

— Vai com Deus. Te amo.

— Fica com Deus, tá?

— Tá… mas eu queria muito que você ficasse aqui comigo.

O pai olha para trás e explica:

— Mas eu tenho que trabalhar. Você sabe pra quê, né?

— Sei… pra comprar as coisas. Videogame… carne, feijão, arroz, panela…

Não há drama. Não há lágrimas. Mas há um laço que quase ninguém mostra.

A comoção que esse vídeo gerou expõe algo maior: o mundo sente falta dos pais. Não porque eles não existam, mas porque foram apagados.

Quando um homem simplesmente vai trabalhar para sustentar o filho e isso viraliza, é porque o básico virou extraordinário. E o necessário virou exceção.

A verdade é: pais assim não são raros. Raro é o espaço que se dá a eles. Não falta pai. Falta quem enxergue. Falta quem conte.

Durante décadas, a figura paterna foi desvalorizada, ridicularizada, marginalizada. Na cultura, no discurso público e, sobretudo, na Justiça.

A mãe virou sinônimo de amor. O pai virou sinônimo de risco. Mesmo quando presente, ele é tratado como suspeito. Mesmo quando luta, é tratado como coadjuvante.

E assim, aos poucos, fomos ensinados a não esperar nada dos homens. Ou pior: a esperar o pior deles.

Mas eis que surge um vídeo simples — e desmonta essa narrativa inteira. Porque ali está um homem que não fugiu da responsabilidade. Que não terceirizou. Que não desapareceu. Que não usou desculpa, nem pediu aplauso.

Apenas cumpriu o que sempre foi dele: o dever de proteger, prover e amar. E ali está também um filho que sabe disso. Que entende, mesmo tão pequeno, que o pai está indo embora por amor — não por abandono.

Isso é paternidade. Não é presença física o dia todo. É presença afetiva o tempo inteiro. É ensinar com o exemplo. É construir segurança na mente de uma criança, mesmo quando se está saindo pela porta.

Esse homem não chorou no vídeo. Mas fez milhares de pessoas chorarem.

Porque em um mundo que empilhou traumas de abandono e omissão, ver um pai fazendo o certo ainda emociona.

E a pergunta que fica é dura: desde quando o amor do pai virou surpresa?

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