A nova Suzane? O crime de Itaperuna escancara a crise moral, jurídica e afetiva da nossa geração

Um adolescente de 14 anos mata pai, mãe e irmão de 3 anos com tiros na cabeça. Arrasta os corpos até a cisterna do quintal. Mente para os avós dizendo que a família sumiu. Planeja usar o FGTS do pai para viajar até Mato Grosso e se encontrar com a namorada virtual de 15 anos — a mesma que o induziu, pressionou e ajudou a planejar cada detalhe do crime. Uma semana depois, ela é apreendida. O Brasil está vendo. Está em choque. Mas chocar-se é diferente de agir. O horror não pode parar na manchete. Tem que virar resposta.

Um crime frio, premeditado e emocionalmente manipulado

O que parecia mais um surto isolado logo revelou um plano meticuloso:

Segundo a polícia, a menina “não apenas sabia, mas instigou e orientou o tempo inteiro”. Não era uma namorada em choque. Era coautora. Ou melhor: cabeça por trás do plano.

Segundo os investigadores, os dois adolescentes criaram um vínculo emocional tão distorcido quanto perigoso. Ele era submisso, ela tinha o controle. O garoto chegou a dizer: “faria tudo que a menina pedisse”. E fez. Inclusive matar. O relacionamento não era afetivo — era uma seita de dois.

O estopim? Os pais proibiram a viagem ao Mato Grosso. Em vez de aceitar o limite, ela deu um ultimato: ou ele vinha, ou era o fim. Resultado? Planejaram um massacre. Primeiro os pais dele. Depois a mãe dela. Depois, talvez, a avó dele. A lógica doentia era simples: quem atrapalha o romance, morre.

Foi a partir das mensagens trocadas entre os dois que a polícia concluiu que o plano não terminava nos pais. A adolescente chegou a escrever que, depois disso, “só faltava a mãe dela”. Ela queria saber se o namorado levaria a arma até o Mato Grosso para completar a missão. E isso não ficou só nas mensagens: no momento do depoimento à polícia, a menina pediu que a mãe se retirasse da sala. Sozinha, confessou que também pretendia matá-la. A pergunta sobre a arma não era retórica. Era logística.

Tudo foi pensado. Arma, munição, uso de luvas, local para esconder os corpos. Nada foi impulso. Cada detalhe foi estudado como num roteiro de filme. E ainda assim o sistema insiste em chamar isso de “ato infracional”.

Nem o irmão de três anos escapou. Segundo ele, a decisão de matar a criança veio para que ela não sofresse com a perda dos pais. Mas mensagens mostram que o irmãozinho foi pauta entre o casal psicopata. Primeiro ela hesitou. Depois cogitaram usá-lo como peça no plano — talvez colocando a arma em suas mãozinhas para simular um acidente. Uma crueldade tão calculada que chega a gelar.

E mesmo diante de tudo isso, a mãe da adolescente, ao ser comunicada sobre a participação da filha, simplesmente não acreditou. Segundo o delegado, ela afirmou que a filha era exemplar, só tirava notas boas e estava sempre por perto. Como se notas e companhia anulassem o mal que já crescia dentro de casa.

A nova Suzane?

A comparação é inevitável — e necessária.

A garota de Mato Grosso fez o mesmo — só que via Wi-Fi.

Chantagem emocional. Frieza. Linguagem infantilizada. Mentora de um massacre via internet.

Mas, diferentemente de Suzane, ela não será julgada como adulta. Porque tem 15 anos. Porque é “criança”. E essa é a brecha perfeita para repetir o pior crime familiar da nossa história — com zero consequências reais.

O desvio do debate: culpe o jogo, culpe a arma, culpe Bolsonaro

Enquanto a polícia reunia provas e prints do planejamento, a internet fazia o de sempre: gritava.

Não.
A culpa é de quem matou. De quem planejou. De quem instigou. E de um sistema que protege assassinos porque nasceram alguns meses antes na carteira de identidade.

Não é sobre punir adolescentes comuns.

É sobre reconhecer que existem adolescentes assassinos — e que tratá-los como crianças é injusto com as vítimas e perigoso para a sociedade.

Quando um “menor” mata como adulto, tem que responder como adulto

Está na hora de dizer o óbvio:

Quem planeja um crime com método, mente para encobrir, tenta fugir, e ainda esboça prazer no que fez… não é uma criança. É um assassino.

E se o sistema quer protegê-lo como se fosse um bebê, o sangue das vítimas vai escorrer pelas mãos da própria Justiça.

O espelho que a sociedade não quer encarar

O Brasil está diante de um espelho. E não gosta do que vê.

Um casal de adolescentes planejou dois assassinatos familiares completos — e conseguiu executar um.

E o país segue discutindo se a culpa é do videogame ou do calibre da arma.

Enquanto isso, Suzane sorri de canto de boca.
Finalmente, encontraram alguém que pode superá-la.
E que, ao contrário dela, talvez nem vá presa.

 

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