Ninguém fala sobre isso. E não é por acaso.
Em meio à ostentação dos pancadões, entre caixas de som, copos plásticos e corpos amontoados, existe um ritual que virou parte da paisagem de quem cresceu na periferia — e que a sociedade, convenientemente, finge que não vê. Uma tábua de madeira, apoiada entre dois blocos, postes ou caçambas, serve de cama improvisada. E ali, diante de qualquer um que passe, casais fazem sexo. Público. Cru. Brutal. Sem proteção, sem amor, sem dignidade.
É a chamada “tábua do sexo”, fenômeno tão comum quanto ignorado, tão chocante quanto silenciado.
Dela nasce uma geração inteira de crianças que não são fruto do amor, nem de um projeto de vida, nem de uma construção familiar. São filhos do improviso. Filhos da rua. Filhos da tábua.
Como funciona o sexo na tábua:
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Uma tábua de madeira é colocada no meio do pancadão. Pode ser apoiada em dois blocos, em uma caçamba, num muro, qualquer coisa que sirva de apoio.
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As meninas deitam na tábua. Muitas vezes bêbadas, drogadas ou simplesmente condicionadas culturalmente a achar isso “normal” naquele ambiente.
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Forma-se uma fila de homens. Literalmente uma fila. Eles ficam esperando a vez, como se estivessem numa fila de banheiro.
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Cada homem sobe, faz sexo — sem camisinha, sem amor, sem conversa, sem dignidade. Termina, sai e passa para a próxima. O próximo sobe. E assim vai.
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Ninguém pergunta o nome. Ninguém sabe quem é quem. Nem ela sabe quem passou. Nem eles sabem quem vai passar depois. É totalmente desumanizado.
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E o resultado? Gravidez precoce.
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E quando nasce, quem é o pai? Ninguém sabe. Nem ela. Nem eles. Nem o baile. Nem a tábua.
Onde nasce a tábua, morre o futuro
O que para alguns parece uma anedota bizarra da vida urbana, na prática, é sintoma de um colapso social muito maior. Um colapso que não começou no baile — começou quando convenceram essas meninas de que família era opressão, que autoridade paterna era machismo e que sexo sem consequência era libertação.
O resultado não é segredo para ninguém. Só não vê quem não quer.
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Gravidez precoce aos 12, 13, 14 anos.
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Escolas vazias.
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Berçários lotados.
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Mães adolescentes largadas, sem apoio, sem pai, sem renda, sem projeto de vida.
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Crianças que crescem sem saber o que é um lar — mas que sabem, desde cedo, o que é abandono.
E enquanto isso, a indústria musical, a cultura pop e a militância seguem lucrando bilhões em cima da hipersexualização dos corpos pobres e periféricos — embalando essa tragédia social com letras que romantizam o próprio colapso.
A romantização da miséria virou cultura
Quem vê não se escandaliza mais. A tábua virou símbolo. A comunidade naturalizou. A mídia ignora. A militância desvia o assunto.
Sabe por quê? Porque falar disso exige coragem para enfrentar uma verdade inconveniente: não existe empoderamento possível onde não há família. Onde não há estrutura. Onde não há limite. Onde não há pai.
Mas não. É mais fácil transformar isso em folclore urbano do que encarar que a destruição da família, da autoridade, da disciplina e dos valores não libertou ninguém — só legou a essas meninas uma herança de abandono, pobreza e desespero.
E, ironicamente, quem mais paga essa conta são exatamente aquelas que mais foram enganadas pelo discurso da “liberdade feminina”.
A quem interessa o silêncio?
Silêncio que não é inocente. Nem neutro.
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Interessa ao Estado, que mantém gerações reféns da dependência assistencialista.
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Interessa à indústria da ostentação, que transforma miséria em estética pop, lucra com corpos objetificados e vende essa cultura como “expressão da periferia”.
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Interessa à militância progressista, que faz malabarismo para não admitir que a destruição da família foi — e continua sendo — uma tragédia social.
Falar da tábua é expor o fracasso da engenharia social que prometeu liberdade, mas entregou lares destruídos, gravidez precoce, crianças sem pai e ciclos de miséria que se perpetuam geração após geração.
O baile virou berçário. O berçário virou ciclo. E o ciclo virou cultura.
O mais chocante? Isso não é exceção. É regra.
E quem ousa apontar? Vira alvo. Cancelado. Chamado de moralista, conservador, opressor.
Mas a pergunta persiste — e ela sangra:
Se sexo na tábua é liberdade… como é que se chama o filho da tábua?
Libertação? Progresso? Ou sentença perpétua?
Porque uma coisa é certa:
Quem nasce da tábua não nasce da liberdade. Nasce do abandono. Nasce do colapso. Nasce de um sistema que promete tudo, entrega nada — e depois some.
E no fim, enquanto a militância discute pronomes neutros no Twitter, enquanto blogueiras feministas fazem publi em Paris, e enquanto políticos posam com discursos vazios, tem uma menina de 14 anos, no meio da rua, com um bebê no colo, sem escola, sem pai, sem esperança e sem ninguém.
E essa menina não sabe. Mas ela também nasceu da tábua.
Que tristeza ! Não sabia disso, e infelizmente não vejo esperança que isso acabe do jeito que as coisas tem andado. Parabéns pela matéria, apesar de triste é extremamente sensível e humana!