Simone Biles e o salto mortal da hipocrisia: quando proteger mulheres virou “ser doente”.
A ginasta olímpica Simone Biles decidiu saltar para fora dos limites do bom senso. Ao atacar Riley Gaines — ex-nadadora universitária e ativista pela proteção do esporte feminino — com um tweet ácido, Biles mostrou que, no jogo da lacração, o pódio vale mais que a coerência.
“Você é realmente doente”, escreveu Biles, em resposta a Gaines, que havia comentado um post comemorando o título do time de softball Champlin Park, campeão estadual de Minnesota em 2025. A equipe feminina inclui um atleta transgênero, ou seja, um menino biológico que compete com garotas.
O post original trazia a frase: “Conheça o Champlin Park, o Campeão Estadual de Softball da Classe AAAA de 2025.”” — mas os comentários estavam desativados. Riley Gaines ironizou:
“Comentário desativado, rs. Normal, né? Quando a jogadora estrela é um menino.”
Ou seja: o que Gaines fez foi apontar o que já virou padrão. Sempre que uma equipe feminina é formada por uma atleta trans, os comentários são fechados. Por quê? Porque o público não compra a narrativa. A inclusão forçada não resiste a uma simples caixa de comentários aberta. Em vez de debater o problema estrutural, Simone Biles preferiu atacar a mensageira.
Uma campeã olímpica atacando… quem defende mulheres?
E não parou por aí. Simone Biles ainda acrescentou outro comentário recheado de deboche:
“Vai intimidar alguém do seu tamanho, que ironicamente seria um homem, @Riley_Gaines_”.
A frase parece apenas uma piada de mau gosto sobre a altura de Riley — que de fato é bem mais alta que Simone — mas escancara algo mais perverso: a tentativa de masculinizar mulheres que defendem o esporte feminino. Ou seja, para Simone, Riley não apenas está errada — ela é “grande demais”, “forte demais”, “quase homem demais” para merecer ser ouvida.
O paradoxo é evidente: chamar uma mulher de “homem” como forma de humilhação ao mesmo tempo em que se defende que homens biológicos podem competir como mulheres. Afinal, se Simone acha ofensivo comparar uma mulher a um homem… por que não enxerga o problema em homens literalmente competindo contra mulheres?
A tal empatia só serve para um lado — o lado da narrativa conveniente. Porque se a sua crítica expõe a incoerência do sistema, você vira o inimigo. E a militância progressista vai te desumanizar até você se calar. Se dizer que o atleta é um menino é “ódio”, por que usar a mesma lógica para humilhar a mulher que denunciou isso? A tal empatia só serve para um lado — o lado que destrói o esporte feminino com base em ideologia e conveniência midiática.
Simone Biles, celebrada por sua trajetória de superação, poderia ser um símbolo de força feminina. Mas optou por chamar de “doente” uma mulher que está tentando proteger o que Simone teve: uma competição justa, entre mulheres biológicas.
Gaines não está tentando tirar direitos de ninguém. Está dizendo o óbvio: se a biologia não vale mais nada no esporte, então a própria Simone só foi campeã porque teve a sorte de não competir com homens que se identificam como mulheres. Se isso tivesse ocorrido, será que ela teria ganhado tantas medalhas? Ou será que ela também seria chamada de “perdedora rancorosa”?
Quem trouxe esse episódio para o debate nas redes foi Nina Borge (nine.borg), que destacou a contradição entre o discurso de Simone Biles e a realidade enfrentada por mulheres no esporte. Sua publicação ajudou a tirar essa pauta da invisibilidade e impulsionou a discussão que agora se amplia para além das redes sociais.
A trajetória de Riley Gaines: do esporte à militância
Antes de se tornar uma voz pública na defesa do esporte feminino, Riley Gaines era uma atleta de elite. Nadadora pela Universidade de Kentucky, ela foi 12 vezes All-American e campeã da conferência SEC, com um histórico consistente de desempenho de alto nível.
O episódio que mudou sua trajetória foi a final do campeonato universitário de 2022, quando empatou em 5º lugar com Lia Thomas — nadadora trans que competia pela Universidade da Pensilvânia. O curioso (e simbólico) é que, apesar do empate técnico, o troféu de 5º lugar foi entregue apenas a Lia. Riley teve que esperar dias para receber o dela. A mensagem foi clara: o NCAA optou por privilegiar a atleta trans no pódio. Isso bastou para Gaines compreender que o problema era maior que ela.
Desde então, ela tem transformado sua história em causa. Fundou o Riley Gaines Center, lidera campanhas por mudanças legislativas nos EUA, participa de audiências públicas e virou símbolo nacional da resistência à ideologia de gênero nos esportes. Sua crítica é objetiva: não se trata de ódio, mas de justiça competitiva. E sua experiência pessoal dá legitimidade ao que milhões de mulheres sentem, mas têm medo de dizer.
“Incluam os trans” — mas no time das mulheres, né?
A própria Simone sugeriu uma “categoria trans” — mas então por que está defendendo a presença de homens biológicos no time feminino? A lógica é torta. Se o problema é falta de inclusão, a solução seria uma categoria separada, como a própria Riley mencionou — não invadir o espaço de quem nasceu com desvantagem fisiológica.
Fingir que isso é só “preconceito” é rasgar décadas de ciência esportiva. A diferença entre os sexos no esporte não é uma “opinião”, é uma questão de performance física, densidade óssea, testosterona e histórico biológico.
A nova regra do jogo: você pode ter tudo, menos opinião
Riley Gaines já foi ameaçada, agredida em evento universitário e perseguida por simplesmente dizer o óbvio: homens e mulheres são diferentes — especialmente no esporte. O que ela recebe de volta? Ofensas públicas, ataques de celebridades e silenciamento digital.
Simone pode ser excelente no salto sobre o cavalo, mas na coerência… caiu de cara.
A nota de desculpas: o clássico “desculpa se ofendi”
Depois da repercussão negativa, Simone tentou apagar o fogo com panos quentes. Disse que “não tem as respostas”, que “não quis comprometer a justiça no esporte feminino”, que “atacou Riley pessoalmente e se arrepende”. Terminou com um “xoxo Simone ⬝”, como se lacrar e pedir desculpas fossem só parte de um joguinho olímpico de imagem.
Mas o estrago já estava feito — e a mensagem também: quem defende o esporte feminino de verdade será publicamente humilhado. Quem o invade, é blindado por “empatia”.
Quem está realmente sendo exposto?
Simone se diz preocupada com “crianças sendo alvo de escrutínio público”. Mas, no fim, quem tem sido massacrada na mídia é Riley Gaines — uma mulher adulta, sem patrocínio milionário, sem blindagem da imprensa, enfrentando sozinha o sistema e os ataques das campeãs da lacração.
O sistema que expõe, ridiculariza e silencia é justamente o que diz “incluir”.