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Lara Nesteruk expõe a dor que o feminismo corporativo não admite: sucesso profissional não preenche o vazio da ausência de uma família. E ela fala com a autoridade de quem fez a escolha que o sistema tanto aplaudiu — e se arrependeu.
“A escolha mais importante da vida não é a sua carreira. É com quem você se casa.”
Foi com essa frase que Lara Nesteruk — nutricionista, influenciadora e empresária de sucesso — quebrou o script das entrevistas femininas modernas. Em vez de repetir a ladainha do “foco na carreira”, ela fez o que poucas têm coragem: confessou que seguir esse conselho foi um erro.
“Me arrependo de não ter tido uma família na hora certa. De não ter escolhido a pessoa certa.”
Não é fácil ouvir isso em 2025. Especialmente quando todos os algoritmos e manchetes ainda estão programados para exaltar mulheres que “venceram sozinhas”, “abriram mão de tudo” e “são suas próprias inspirações”.
Mas Lara foi na contramão — e com um peso que poucos influenciadores carregam: o da vivência. Ela não fala como quem especula. Ela fala como quem viveu. E perdeu.
O discurso da liberdade virou uma prisão disfarçada
A geração de Lara cresceu ouvindo que família prende, filhos atrapalham e casamento é cilada. Que primeiro é preciso “se encontrar”, “se estabilizar”, “se realizar”. Só depois — se sobrar tempo, se ainda houver fertilidade, se aparecer alguém que tope — talvez se pense em construir uma família.
Só que o tempo passa. E quando a conta chega, é alta. Lara admite:
“Nunca, nunca ao final de um dia, muito bem trabalhado, olhando os meus sapatos, o meu closet, seria tão realizada quanto ao final de um dia, olhando um bebezinho e falando, ‘mamãe’.”
Isso não é discurso conservador. É experiência.
É o eco de uma ausência que sapato nenhum compensa. Que viagem nenhuma preenche. Que carreira nenhuma substitui.
“Mas dá para ter os dois!” — Até quando vamos repetir isso?
Claro que algumas mulheres conseguem equilibrar maternidade e carreira. Mas a pergunta é: a que custo? E, mais importante: por que ninguém avisa que escolher um caminho tem consequências?
Lara reconhece:
“Não que dê pra escolher os dois na totalidade, óbvio.”
Mas ninguém disse isso para ela antes. Nem para a maioria das jovens que hoje seguem o mesmo roteiro, achando que a fertilidade espera, que o amor aparece na hora que se quer, e que filhos cabem na agenda depois dos 40.
Não. Não cabem. E quando não cabem mais, é tarde.
A verdade que incomoda: o sucesso sozinha cansa
A fala de Lara expõe o incômodo que muitas calaram. A verdade de que o tal empoderamento profissional, sem vínculos, sem filhos, sem lar, vira só mais uma forma de solidão bem remunerada.
E o sistema aplaude. Porque quanto mais a mulher trabalha, consome e se diz “livre”, mais ela se encaixa em um modelo que lucra com sua solidão e celebra sua autonomia… até ela perceber que não era isso que queria.
E agora? O que fazer com esse arrependimento?
Lara não volta atrás no tempo. Mas ela devolve ao debate público algo que foi censurado por anos: a ideia de que talvez a maternidade seja, sim, a realização maior. Que talvez o amor seja, sim, mais transformador que um diploma. E que talvez o tempo para formar uma família não seja tão elástico quanto disseram.
Não é sobre voltar ao passado. É sobre parar de mentir no presente.