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Ana Luiza tinha 17 anos. Morreu por inveja. Envenenada por outra menina.
Ana Luiza tinha 17 anos quando recebeu em casa um presente inusitado: um bolo de pote entregue por um motoboy, acompanhado de um bilhete carinhoso — “Um mimo para a garota mais linda que eu já vi”.
Quem não se emocionaria? Quem desconfiaria de uma surpresa assim, cheia de afeto, aparentemente vinda de alguém apaixonado?
O bilhete parecia romântico. A embalagem, impecável. Mas o que Ana não sabia é que aquele doce havia sido feito para matá-la. E que o tal “admirador secreto” era uma farsa — uma encenação cruel, escrita por alguém que a odiava.
O presente não veio por amor. Veio por inveja.
Uma armadilha maquiada de afeto
O plano foi arquitetado por uma adolescente da mesma idade. A autora do crime comprou óxido de arsênico pela internet por 80 reais. Misturou o veneno em um brigadeiro branco. Contratou um motoboy. Criou um falso bilhete romântico. E armou uma emboscada com cara de carinho.
Uma armadilha doce, embalada com afeto. O veneno foi entregue como se fosse amor. Mas era morte.
Menos de uma hora após consumir o bolo, Ana começou a passar mal. Vômito. Diarreia. Cólica intensa. Foi ao hospital. Voltou. No dia seguinte, morreu antes de conseguir atendimento. A causa? Intoxicação por arsênico.
Quando a morte vem de uma menina igual a você
A assassina não era um homem violento. Não era um criminoso conhecido. Era outra menina. Da mesma idade. Que estudava. Que convivia. Que frequentava os mesmos espaços sociais.
A suspeita confessou o crime. Disse que não queria matar, apenas causar sintomas ruins. Mas também confessou que já havia tentado fazer o mesmo com outra adolescente dias antes — usando o mesmo modus operandi. E só não conseguiu porque a primeira vítima sobreviveu.
Ou seja: não foi um erro, foi insistência. Tentou uma vez. Quase deu certo. Tentou de novo. E matou.
“Ela tem problemas psicológicos”
É sempre assim. Toda vez que uma mulher comete um crime hediondo, a explicação aparece rápido: problemas emocionais, surto, sofrimento psíquico. A justiça emocional como desculpa jurídica.
Mas onde está o surto em encomendar veneno pela internet? Em escrever bilhete falso? Em embalar o crime com brigadeiro branco?
Não. Isso não é surto. É frieza. É cálculo. É ausência de limite.
A menina que matou Ana Luiza não teve um impulso. Ela teve um plano. Frio. Repetido. Executado. E ela acompanhou a repercussão. Leu tudo. Viu tudo. Até confessar, quando não teve mais como esconder.
O reflexo de uma geração emocionalmente analfabeta
Essa história não é só sobre uma adolescente morta. É sobre uma cultura que romantiza o desequilíbrio emocional — e o transforma em identidade.
Vivemos cercados de adolescentes que confundem frustração com trauma, que acham que rejeição justifica vingança, e que foram ensinados a colocar o “sentir” acima do certo. Uma geração que prefere sabotar do que lidar. Que aprende desde cedo a manipular, acusar, performar dor.
A menina que matou Ana Luiza se sentia no direito de punir a outra. Porque “estava mal”. Porque “tinha ciúmes”. Porque “gostava do mesmo menino”. E isso, para ela, bastava.
A estética do crime
O detalhe mais cruel é o requinte da encenação. Não bastava matar. Tinha que parecer fofo. Tinha que parecer apaixonado. O bilhete, a entrega, o motoboy — tudo cuidadosamente preparado para que Ana acreditasse que era amada.
Esse não é só um crime. É uma performance. Um teatro de afeto com roteiro de homicídio.
Na era das redes sociais, nem o assassinato escapa da curadoria estética.
Ana Luiza morreu confiando em quem não existia
Ela morreu achando que tinha um admirador. Que era querida. Que alguém pensou nela com carinho. Foi envenenada por confiar. Foi traída pelo disfarce.
E agora, como sempre, tentam suavizar.
Dizem que a autora “é só uma menina”. Que “não tinha noção do que fazia”. Que “não queria matar”. Que “estava com problemas psicológicos”. Mas ninguém diz isso quando o réu é homem. Ninguém acolhe o surto masculino. Ninguém suaviza a intenção de um garoto. Ninguém romantiza o erro de um menino.
Justiça seletiva? Não dessa vez.
A única chance de redenção que o sistema tem agora é não se omitir.
Não fingir que foi “um deslize juvenil”.
Não aceitar a chantagem emocional da assassina.
Não transformar uma adolescente morta em estatística.
Porque Ana não morreu por acidente. Morreu porque alguém quis. Porque alguém agiu. Porque alguém fingiu amor com gosto de morte.
Ana Luiza, 17 anos, foi morta com veneno entregue como presente. Por ciúmes. Por outra adolescente. E por uma cultura que não ensina limite — só valida dor.
Que a morte dela não seja esquecida. E que a Justiça prove, dessa vez, que a vida de uma menina não vale menos do que o emocional descontrolado de outra.
Um ótimo texto para uma situação tão triste. Embora saibamos da seletividade do judiciário e da leniência da legislação, espero que essa meliante mofe na cadeia.