Mãe e padrasto foram condenados pela agressão que deixou Natashinha em estado vegetativo

Renato de Paula Santos e Letícia Sobrinho da Cruz, foram condenados e detidos na noite de ontem (3), pelo espancamento de Natasha Sobrinho Couto Gouveia, conhecida como Natashinha, quando tinha apenas 3 anos. O fato a deixou em estado vegetativo permanente. Natasha é enteada de Renato e filha de Letícia. Segundo testemunhas, Renato espancou Natashinha e Letícia se omitiu.

 

 

“Há dois anos que a gente vem lutando e exigindo que a justiça fosse feita. A Natasha dois anos atrás foi brutalmente espancado e agredida pelo padrasto e pela mãe, conseguimos, graças adeus, provar que não foi uma simples queda no banheiro e sim uma agressão” – disse  Rejane Gouveia, avó paterna de Natashinha. 

A justiça do estado de Goiás condenou o casal por lesão corporal com o resultado de estado vegetativo permanente. Leticia, teve seu poder familiar destituído e foi condenada a 6 anos e 3 meses de prisão no regime semi-aberto. Já Renato, foi condenado a 8 anos e 6 meses em regime fechado, sem a possibilidade de recorrer em liberdade.

“O meu sentimento hoje é de gratidão, eu jamais teria conseguido se não fosse a página Manas e Manos e o Dr. Gastão Filho, esse excelente profissional de Santa Catarina que deu todo o suporte no caso da Natasha. A justiça foi feita! E peço à vocês que continuem denunciando, não se calem ao perceber um choro diferente ou algo errado numa criança, procurem ajuda como eu fiz, gratidão a vocês meninas muita gratidão a vocês” – agradeceu Rejane. 

Relembre o caso:

Natashinha foi levada por Renato e Letícia ao hospital em fevereiro de 2020, com traumatismo craniano. O casal informou aos médicos de que Natashinha estava no banho com Letícia, quando caiu ao fazer uma pirueta estilo ‘bailarina’.

Entretanto, os médicos comunicaram ao pai de Natashinha que a lesão não era compatível com uma queda do próprio tamanho e que poderia ser o resultado de maus-tratos e que ele deveria procurar a polícia.

Ao procurar pelos vizinhos, a polícia descobriu que na manhã do dia do fato, Renato teria chegado na mercearia, que ficava na frente da sua casa, dizendo que teria dado “uma surra” em Natashinha.

Ao serem confrontados com a nova informação, Renato negou que teria batido na criança, disse que Natashinha teria mandado Letícia ‘tomar no cu’ no meio do banho e que foi ela quem bateu com a cabeça dela três vezes com muita força na parede. Disse que nunca falou a vizinhos que bateu nela, disse ainda, que fazia de tudo pela criança e que ela o chamava de “papai”, fato não corroborado por nenhuma das testemunhas que confirmaram que, no dia do fato, Renato teria dito que teria acabado de dar uma surra na Natashinha. Além de confirmarem que Natashinha sofria maus-tratos pelo casal, que ele era superviolento, que inclusive, ela vivia com cheiro de urina quando estava sob os cuidados de Letícia e Renato.

Letícia confirmou que teria sido ela quem espancou Natashinha. Contou que no dia do fato, de manhã, Natashinha teria urinado na cama e por isso, a chamou para o banho, momento em que Natashinha a mandou ‘tomar no cu’ e levou um tapa de Letícia. Já no banho, ela fala que Natashinha continuou com os xingamentos, que a chamou de ‘puta’, e a mandava ‘tomar no cu’ reiteradamente, que se sentiu sobrecarregada e bateu a cabeça dela na parede, sem contar quantas vezes. Que já era meio dia Natashinha convulsionou e nunca mais voltou a ser como era. Falou ainda que Renato nunca foi violento, o que também não é corroborado por testemunhas.

Para familiares de Natashinha, Letícia estaria assumindo a culpa por ter mais duas crianças e por acreditar que não será presa por ter mais filhos. E mesmo não restando dúvidas de que foi um dos dois quem cometeu o crime, os dois continuam com a tutela das outras crianças.

Ainda assim, a justiça considerou que o depoimento do casal não merecia credibilidade, pois não batia com o que foi apurado no inquérito, nem com o que foi falado por testemunhas.